ARTE TERAPIA                                                                                                                                            ARTES PLÁSTICAS                                                                                                                                                           OFICINAS

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

POEMAS

Livro: Sementes
Os poemas deste livro foram criados a partir de reflexões e paralelos feitos entre nossos sentimentos e as sementes germinadas na Terra. (Larissa Seixas)



O que nós somos além de sementes?


Sementes mergulhadas na TERRA para germinar.
 O tempo que levamos equivale àquele que o grão precisa para romper seu invólucro e partir em busca de luz ultrapassando todos os obstáculos que a terra impõe.


Tão doído quanto preciso...


Mas o que causa dor também alimenta, aquilo que perturba, encoraja e acolhe, envolve e acalenta. Toda dor traz uma resposta, cada romper, uma nova visão.


Sementes, o que somos. Mergulhados muitas e muitas vezes neste solo. Cada mergulho, uma viagem, cada viagem uma nova partida.



SEMENTE DA APATIA



Essa semente costuma demorar a germinar, a criar qualquer tipo de movimentação.


Permanece a maior parte do tempo incubada sem explorar o que existe ao seu redor.


Se a terra é proveitosa ou castigada, não importa. Para ela o lodo, a areia ou a terra fértil são a mesma coisa. Se a terra é molhada ou seca também não faz diferença, nada a fará sair de si mesma a não ser que a semente desenvolva sua força interior rompendo a própria casca. Caso contrário, nada a fará crescer.



SEMENTE DO AMOR



Ampla e generosa, leve e plena de si, assim é essa poderosa semente.


Quente, sua temperatura aquece e vivifica qualquer cantinho em que for plantada.


Acolhida pela terra suas imensas raízes futuras sugarão profundamente o seu sustento. Gratos seus frutos saborosos alimentarão multidões, um potencial multiplicador inesgotável. Essa troca a fortalecerá.


Sua leveza permite que flutue com uma simples brisa desenvolvendo-se por onde passar.


Sendo verdadeira, jamais morrerá.



SEMENTE DA SOLIDÃO



A semente da solidão é fria.


Se for plantá-la, cuidado, só germina isolada.


Sua casca é bastante dura, quase impenetrável, seu fruto amargo.


Não é aconselhável cultivá-la.


Seu fruto não pode ser doado a ninguém e aquele que, por ventura desenvolver, só satisfaz em momentos raros e especiais, na maioria das vezes não preenche ou alimenta e até faz mal.


A semente é auto-destrutiva. Suas raízes não conseguem ultrapassar a casca, ramificam-se internamente. Sufocando-se, a semente morre.



SEMENTE DA ALEGRIA



Especial e encantadora, seu fruto doce plenifica e acalma, anima e retempera a vida, pois seu sabor é especial.


Sabendo cultivá-la, brota e se espalha, levando seu perfume para muitas aragens.


Quando, porém, consumida exageradamente, ao ser confundida com outras sementes daninhas, acaba perdendo a cor, o sabor, o cheiro e se deteriora.


Quando enaltecida pela sabedoria da boa plantação, sua colheita é vasta e rica, preciosa e verdadeira.
 Existem como essas milhares de sementinhas plantadas no coração.


É preciso ter cuidado, separando as boas das ruins, aquelas que fortalecem das outras que fazem mal.


A semente da raiva, por exemplo, desenvolve-se com uma rapidez tremenda, trazendo danos para quem ingeri-la. De gosto amargo, quando germina, costuma alcançar proporções enormes.


Em compensação, as sementes da coragem e da esperança são muito refrescantes, revigoram energias e auxiliam a caminhada.


Logo, atenção: O segredo não está no solo, mas na sabedoria de escolher as sementes certas.



Larissa Seixas